Sabemos que nos ecossistemas terrestres, as plantas são os únicos seres vivos capazes de produzir o seu próprio alimento. Isto só é possível graças à clorofila e outros pigmentos que podem capturar a energia da luz solar.
Com esta energia e nutrientes (por exemplo, nitrogénio e fósforo) da terra e dióxido de carbono da atmosfera eles produzem matéria orgânica. As plantas são assim produtoras e pertencem à base da cadeia alimentar. Até recentemente acreditava-se que o mesmo sistema funcionava para os lagos e o mar, onde o fitoplâncton (microalgas) servia como alimento para o zooplâncton (animais microscópicos), que por sua vez eram comidos por peixes pequenos, que eram comidos por peixes maiores e depois por humanos e outros predadores de topo. No entanto, a natureza está cheia de surpresas! Existem espécies de algas que podem agir como “plantas” e como “animais” ao mesmo tempo.
Como “plantas” as algas produzem seu próprio alimento e como “animais” podem comer outras plantas ou até mesmo seus próprios grazers. Estes organismos são chamados de mixotrofas e sua estratégia nutricional é assim conhecida como mixotrofia, em outras palavras: “nutrição mista”. Este comportamento nutricional duplo afeta a noção de cadeia alimentar mencionada acima. Em uma comparação, imagine se ao invés de uma vaca comer a grama, a grama agarra e come a vaca.
A tese de Wanderson Carvalho tinha como um dos objetivos quantificar em duas espécies mixotróficas quanto nitrogênio e fósforo são necessários quando atuam como “plantas” e “animais”, respectivamente. Por exemplo, sob condições deficientes em nutrientes (nitrogênio e fósforo), os mixotrofos podem superar outras espécies de algas comendo-as ou utilizando os poucos nutrientes disponíveis dissolvidos na água. Wanderson também descobriu que “alimentar-se como animais” também pode fornecer carbono e energia aos mixotrofos se a luz for baixa ou ausente.
Na ausência de alimento, os mixotrofos podem usar as suas capacidades fotossintéticas para sobreviver até que as presas adequadas estejam novamente disponíveis. Os mixotrofos podem diminuir a competição uma vez que podem alimentar-se tanto dos seus concorrentes como dos seus predadores. Os mixotrofos podem sobreviver a períodos adversos e por causa disso muitos mixotrofos formam florações, tornando-se potencialmente prejudiciais ao meio ambiente.
Tese de Wanderson Carvalho intitula-se “O Papel da Mixotrofia na Ecologia do ‘Fitoplâncton’ Marinho”