John Danaher, que é o grande responsável por mudar a perspectiva dos cadeados de perna na cultura atual do Jiu-Jitsu Brasileiro, criou um sistema de travamento de pernas que agora é usado pelo ‘Danaher Death Squad’ para um sucesso incrível em competições e torneios ao redor do mundo. Membros notáveis do ‘Danaher Death Squad’ incluem Gordon Ryan, Garry Tonon e Nicky Ryan.
O grupo subiu à notoriedade devido à sua inacreditável capacidade de controlar o seu adversário usando técnicas de bloqueio de pernas. O sistema da Danaher é extremamente eficaz e tem causado pânico na comunidade brasileira de Jiu-Jitsu de alto nível porque muitos competidores de elite não conseguem compreender e defender os ataques de perna de Ryan, Tonon e agora o jovem de 16 anos Nicky Ryan.
Felizmente, nós ganhamos uma visão valiosa das metodologias e práticas de John Danaher enquanto ele se sentava com Joe Rogan no Joe Rogan Experience MMA Show na semana passada.
A incrível persistência de Danaher em criar técnicas de bloqueio de pernas virtualmente imparáveis resultou de apenas uma frase de Dean Lister.
“Por que você ignoraria 50% do corpo humano?
Lister, que na altura era considerado pela sua eficiência com as técnicas de fecho de Aquiles, é estranhamente responsável pelo pontapé de saída de toda a campanha ‘Danaher Death Squad’.
Quando um inquiridor Danaher perguntou a Lister sobre a sua invulgar tendência para tentar o fecho de Aquiles e atacar as pernas de um adversário, Lister respondeu dizendo “Porque ignoraria 50% do corpo humano?” Para Danaher, este foi o momento que mudou tudo.
Veja, Lister não compartilhava uma técnica, um método, ou mesmo uma demonstração com Danaher, mas sim, ele compartilhava um ponto de vista que mudaria a percepção do esporte como ele o conhecia.
Com este olhar renovado sobre o Jiu-Jitsu brasileiro, Danaher começou a estudar as fechaduras de perna e começou a tentar entender porque as pessoas estavam se esquivando de usar as técnicas.
Por que foi ignorado?
Danaher logo descobriu que havia duas grandes críticas às fechaduras de perna na época:
Para divertimento de Danaher, estes dois argumentos também se contradiziam claramente.
A outra grande crítica às fechaduras de perna na época era que elas eram “posicionalmente infundadas”. Danaher explicou a Rogan que esta mesma crítica se aplica a muitas outras submissões, incluindo braçadeiras e estrangulamentos de guilhotina da montagem completa, por exemplo.
Os quatro passos do Jiu-Jitsu Brasileiro
Mas o mais importante, Danaher descobriu que todo o conceito de travas de pernas era contra o entendimento tradicional do Jiu-Jitsu Brasileiro.
Danaher explicou os quatro passos distintos que todos nós (talvez inconscientemente) seguimos:
Estes quatro passos são a perspectiva de Danaher sobre os fundamentos do Jiu-Jitsu Brasileiro.
Por que levamos o nosso oponente ao chão? Danaher explica precisamente que a razão de levarmos alguém ao chão é que ele remove a habilidade e a oportunidade de movimentos explosivos. Muito simplesmente, ao tirar as pernas de um lutador, você está removendo um dos aspectos mais perigosos da luta.
Segundo, as pernas permanecem como um obstáculo perigoso para qualquer praticante de jiu-jítsu brasileiro. Claro, eles podem recuperar a guarda e ajudar com alavancagem, mas como descobriremos mais tarde, eles também são uma maneira brilhante de controlar seu oponente usando muitas técnicas diferentes de bloqueio de pernas.
Terceiro de tudo, Danaher explicou que o objetivo é trabalhar nosso caminho através de uma hierarquia de pinos. Note que ele não simplesmente declarou ‘passar a guarda’, ao invés disso, ele fala em avançar para posições que são merecidas cada vez mais dependendo da habilidade do atacante de infligir danos com golpes.
E por último, depois de todos estes passos terem sido alcançados, só então devemos tentar uma submissão.
Quebrar o sistema
Danaher, através dos seus intensos estudos, percebeu que o bloqueio das pernas não se enquadra realmente neste método tradicional de quatro passos como descrito acima.
Vejam, as entradas de bloqueio das pernas vêm principalmente da posição inferior, e não é segredo que estas posições eram anteriormente vistas como inferiores. Quase parece contra o objectivo, se seguindo o processo de quatro passos, atacar as pernas de um adversário.
Como tal, o bloqueio das pernas sempre foi visto como uma opção de último recurso – uma tentativa de submissão se tudo o resto tivesse falhado. Por causa disso, tentar travar as pernas também fez com que as pessoas pensassem que você era um ‘mau’ jogador de Jiu-Jitsu porque você não era capaz de garantir uma posição dominante.
Mas ao entender o processo, e as estratégias por trás do travamento das pernas, Danaher percebeu que ele não estava apenas procurando uma maneira de implementar essas técnicas, mas que na verdade ele estava mudando toda a direção do esporte.
Jiu-Jitsu Brasileiro sempre foi sobre o movimento das pernas para a cabeça; ele sempre iria em uma direção. Se você fosse parado, ou incapaz de passar, você começaria novamente.
Mas uma vez que você adiciona travas de perna na mistura, o esporte se torna um esporte de dois sentidos. Ao invés de apenas avançar pelo corpo, você agora pode se mover de cima para baixo. É claro que isso também abre mais submissões do que o estilo tradicional do Jiu-Jitsu Brasileiro.
Controle, não posição
A principal conclusão dos estudos de Danaher foi que não se tratava mais de alcançar uma posição dominante, ou uma posição em tudo.
Na verdade, seu foco logo mudou para alcançar o controle, não uma posição em particular.
Danaher explicou que todas as submissões mais dominantes no Jiu-Jitsu Brasileiro têm o controle como uma característica dominante. Como tal, ele desenvolveu formas de atacar as pernas de um adversário que eram largamente baseadas no controle.
E até hoje, o sistema de Danaher gira em grande parte em torno da posição Ashi Garami porque permite o controle espetacular de um adversário.
Por causa desse avanço, muitas pessoas tiveram um entendimento incorreto das técnicas de bloqueio das pernas. Por exemplo, ao invés de dizer que alguém é excelente em ganchos de calcanhar, é muitas vezes mais preciso dizer que ele é hábil em ser capaz de controlar a posição.
Outro conceito importante do entendimento de controle da Danaher foi ‘Duplo Problema’. Danaher explicou que 90% da resistência de um oponente a uma tentativa de bloqueio da perna era da perna ‘livre’, ou seja, a perna que não está sendo atacada. Portanto, a Danaher expressa que é mais importante controlar a outra perna do que a que está em perigo. Duplo problema’ refere-se ao controle de ambas as pernas de um oponente. Um exemplo é se você tem uma trava triangular na perna que você está atacando, mas você também garantiu um gancho na outra perna deles.